Meu doce [triste] momento...

O meu coração está desesperado
espero por alguém que nem virá
Abro a janela dou de cara pro mar
e meus sonhos a navegar
Meus segredos estão expostos
Meus desejos seguros
Não vou sofrer
Não quero sofrer
Talvez morrer
É só a solidão
batendo na janela do meu quarto
Estou sozinho
já não sei quanto tempo vou suportar
Estou sem coragem,
não quero chorar.
Um dia na chuva
outro no sol
O passeio da boa vista
nunca aconteceu
Ouço apenas o ruído do silêncio
E não sei o que dizer
Apenas sei chorar

Certo?!

Ela entrou e olhou para os lados. Sozinha, porém já acostuma com a solidão. Ainda sonhava em ser feliz, mas depois dos últimos acontecimentos, começara a achar que era realmente só um sonho bobo. Odiava todas aquelas pessoas, mas não porque tivessem feito algum mal a ela, apenas porque todos estavam ali, perto dela, em cima, empurrando e apertando, sentia nojo daquilo, queria sumir todas as vezes que chegava essa hora do dia.
Ainda sim algo chamou-lhe a atenção, foi de relance ,mas depois prendeu seu olhar. Com sua mente fértil e seus delírios bobos, sonhou muito, e em tão pouco tempo. Afinal, eram apenas quatro estações, não tinha tempo para bobagens e mesmo assim insistiu. Quando o viu percebeu logo de cara que ele a lembrava alguém. Alguém muito especial, alguém muito querido, alguém muito amado. Alguém por quem ela daria a vida sem nem mesmo pensar duas vezes. Alguém por quem ela faria tudo só ara ver um sorriso surgir em seu rosto. Alguém por quem ela faria tudo sem que nem fosse preciso pedir. Ele a lembrava muito essa pessoa. Apesar de tudo ele dormia. Assim como ela, ele devia estar muito cansado: trabalho, escola... muito provavelmente estivesse indo para faculdade, não chegou a reparar se estava ou não com uma mochila no colo, mas reparou que ele dormia tão profundamente quanto a pessoa que veio em sua mente, ao vê-lo ali sentado. Ela ficou imaginando que talvez, se ele estivesse acordado, ele reparasse nela da mesma forma que ela reparou nele, olhasse para ela com o mesmo carinho, pode até ser que também se lembrasse de alguém, mas que ainda sim sentisse mas afeto por ela, que estava ali, de pé, logo a frente. Talvez se ele estivesse acordado, e ela fizesse outro caminho, eles poderiam quem sabe se conhecer, conversar, ter sua primeira briga por discordâncias de opinião, sentir ciumes por olharem para o lado, e sentirem aquela imensa vontade de se verem novamente. Quem sabe peguem o metrô sempre no mesmo horário. Talvez se ela tivesse tido coragem de ficar mais um pouco, e fazer um caminho mais longo, ele acordaria e seguraria sua bolsa, ou até mesmo a deixaria sentar em seu lugar, e ficaria preocupado se ela estava muito cansada, sem nem mesmo conhecê-la, ou sequer saber seu nome. Talvez, quem sabe, eles descobrissem que se amam de verdade, e percebecem que estavam em seus dias de sorte, no lugar certo, na hora certo, e o principal: com a pessoa certa.