ღಌ Fairy Tale ღಌ

Toda, ou quase toda, a história. Cheia de todas as maravilhas, todas as aventuras, todos os medos, todas as lágrimas, todos os sorrisos, todas as esperanças, todas as angustias, todas as brigas, toda a cumplicidade, toda a verdade, todas as mentiras, toda a sinceridade e acima de todo o amor que lutou para estar onde chegou.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Olhando por aí...

"(...) Eu nunca vou entender porque a gente continua voltando pra casa querendo ser de alguém, ainda que a gente esteja um ao lado do outro. Eu nunca vou entender porque você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais...

Mas aí, daqui uns dias.... você vai me ligar. Querendo tomar aquele café de sempre, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo."

Tati Bernardi

quinta-feira, 24 de março de 2011

Chega!

Está decidido. Não vou mais ser tão dramática, coisa que eu nem sequer gosto tanto. Vou ser mais direta de agora em diante. Eu ainda gosto de escrever sobre os mesmo assuntos de antes sim, mas não vou fazer isso com essa frequência absurda. Afinal, na vida há muito mais para se prestar atenção do que se naquele dia ele estava com uma lágrima escorrendo do olho ou não. Não estou dizendo que eu fazer deste lugar um tipo de jornalzinho de acontecimentos diversos do dia a dia, mas ele será diversificado.
Eu estou ficando assim. Estou mais interessada em compartilhar opiniões sobre todos os assuntos, e não só o cacos de uma vida pessoal que nem existe mais.
Não exatamente por onde vou começar ou o que vai me interessar a ponto de escrever a respeito, mas assim como aqueles contos melosos e antigos [que na verdade eu nem gostava muito que outras pessoas lessem] vou escrever o que me vier a cabeça e eu achar que se encaixa.

terça-feira, 22 de março de 2011

Para os Dois

Os Barcos
[Legião Urbana]

Você diz que tudo terminou
Você não quer mais o meu querer
Estamos medindo forças desiguais
Qualquer um pode ver
Que só terminou pra você

São só palavras teço, ensaio e cena
A cada ato enceno a diferença
Do que é amor ficou o seu retrato
A peça que interpreto,um improviso insensato
Essa saudade eu sei de cor
Sei o caminho dos barcos

E há muito estou alheio e quem me entende
Recebe o resto exato e tão pequeno
É dor, se há, tentava, já não tento
E ao transformar em dor o que é vaidade
E ao ter amor, se este é só orgulho
Eu faço da mentira, liberdade
E de qualquer quintal, faço cidade
E insisto que é virtude o que é entulho
Baldio é o meu terreno e meu alarde
Eu vejo você se apaixonando outra vez
Eu fico com a saudade e você com outro alguém

E você diz que tudo terminou

Mas qualquer um pode ver
Só terminou pra você

'VOLTO LOGO'

Eram 10:30 da manha de um sábado. O dia estava nublado, mas não totalmente frio. Ela gostou disso, pois assim poderia vestir seu casaco preferido, com as botas novas que ganhara de presente de aniversário. O despertador a acordara, mas não a assustou como acontecia tradicionalmente durante a semana. Ela acordou tranquila, e inclusive ansiosa, para sua rotina. É que aos sábados ela fazia exatamente aquilo queria ela queria, sem obrigações ou deveres, eram apenas as coisas que ela havia escolhido. E mesmo sendo as mesmas coisas durante anos ela continuava gostando cada vez mais.
Tomou seu café enquanto assistia qualquer coisa que passava na TV, depois tomou banho e se arrumou com a roupa que tanto queria. Era uma garota bonita, tinha um rosto simples, com traços finos, os olhos que por si só já diziam tudo o que ela imaginava. O sorriso, que ela não gostava muito, dificilmente era visto pelos que não a conheciam bem, mas quando aparecia era mais sincero que qualquer outro. Tinha os cabelos castanhos, pode-se dizer que eram marrons como um tronco novo, e cacheados, por conta disso não suportava penteá-los, mas mesmo desarrumados continuavam lindo. Era comum, porem chamava a atenção mesmo que sutilmente inclusive aos que passavam por ela com pressa de notar qualquer coisa ao redor.
A alguns anos ela se apaixonara, mas não era um amor comum desse entre homem e mulher, e sim por um lugar escolhido pelo coração dela. Era uma lojinha que abrira a mais ou menos cinco anos, cheia de coisas que ela jamais encontrara em qualquer outro lugar. Coisas que a deixava cada vez mais curiosa, coisas que a deixava intrigada, coisas que ela simplesmente gostava e muitas coisas que a fazia feliz. O dono da loja era um senhor já bem velhinho e conhecido nas redondezas por ser muito solitário, contudo o que ninguém notara é que ele não era mais solitário desde o dia em que aquela garota colocou os pés naquela lojinha pela primeira vez. Ela se tornara a única cliente que ele precisava, a única que o fazia ter orgulho de tudo o que ele construíra depois de tantos anos de dor e sofrimento por conta de uma vida que já não o atormentava mais.
Nesse sábado ela resolveu ir um pouco mais tarde, logo após o almoço, pois sua mãe havia feito seu prato preferido. Logo após foi caminhando direto para seu destino, não queria se demorar mais, estava se sentindo diferente aquele dia e queria muito descobrir o porque. A lojinha não ficava muito longe da casa dela, e ela preferia caminhar porque assim pensava melhor e refrescava a mente de todos os problemas acumulados de uma semana tão cheia de estudos.
Chegando notou que o lugar ainda estava fechado. A placa antiga feita em madeira e com letras talhadas a mão dizendo 'VOLTO LOGO' ainda estava pendurada na porta. Isso significava que o senhor havia ido almoçar e logo retornaria. Ele gostava muito de madeira talhada a mão, dizia que era um dos únicos trabalhos feito pelo homem que ele admirava. Ela decidiu então esperar.
Se sentou no banco que havia em frente a loja na calçada, também de madeira que aquele mesmo senhor havia colocado. Alias ele próprio gostava de se sentar lá as vezes e pensar em sua vida e nas coisas que mesmo depois de tanto tempo ainda sentia vontade de fazer. Ela estou e ficou esperando enquanto imaginava que surpresa encontraria ou que livro a fascinaria dessa vez. É que nos fundos da lojinha, havia algumas estantes cheias dos mais diversos livros, e somente para ela, ele colocou uma pequena mesa e um banco também feitos em madeira e com os detalhes talhados a mão, para que ela pudesse passar suas tardes lendo e fazendo-lhe companhia, mesmo que só pela presença, já que eles jamais tiveram uma conversa mais longa que 5 frases muito bem pronunciadas por ambos.
Ela esperou por muito tempo, e enquanto esperava, ficava imaginando todos os tipos de situações possíveis. Ele estava demorando muito e ela estava muito ansiosa para descobrir algo novo, ou se deslumbrar com algo já conhecido. Depois de aproximadamente 1 hora, ela começou a ficar incomodada e preocupada com o que teria conhecido com aquele senhor que sempre foi tão simpático com ela. E enquanto esperava, mesmo preocupada, nervosa e apreensiva, ela notou que uma nova loja havia aberto do outro lado da rua. Uma loja com coisas novas e atuais, sem a aparência confortável e tão acolhedora que sua lojinha de sempre proporcionava. Mas ainda assim uma loja que chamou sua atenção, que parecia convidá-la insistente para entrar, olhar, se interessar e ficar.
Enquanto caminha para o outro lado da rua, ela não parou de olhar para ter certeza que o senhor não estava chegando, mais ainda, para ter certeza que ele não iria vê-la traindo todos esses anos de fidelidade. Ela se sentiu atraída pela nova loja, mas com receio de entrar. Ficou com medo de se arrepender, e de por vergonha não conseguir mais voltar para sua lojinha que em todo se tempo mais se parecia com um lar escolhido a dedo.
Depois de algumas horas dentro da nova loja, ela se despediu do guri que trabalhava no balcão e tinha sido tão gentil, e disse que voltaria na próxima semana. Atravessou a rua e colocou um bilhete por debaixo da porta da lojinha, dizendo o quanto sentia muito ter quebrado aquele elo tão sagrado que havia ali, e disse que se no próximo sábado, caso ela estivesse aberta novamente, certamente seria ali que ela ficaria. Se afastou e com um aceno foi embora, caminhando de cabeça baixa, da mesma forma como saíra de casa pela manhã.
Mais alguns sábados se passaram e a lojinha continuava com suas portas fechadas e sua placa 'VOLTO LOGO' pendurada na porta. Todos os sábados antes de mudar o curso para a loja nova, ela sentava no banco de madeira por algum tempo e continuava imaginando o que teria acontecido. Continuava a se preocupar e continuava a sentir saudade daquele lugar que parecia ficar cada vez mais esquecido pelo demais que freqüentavam as redondezas. Imaginou formas de se comunicar com aquele senhor tão simpático e saber se teria acontecido algo que ela pudesse ajudar. Por mais que gostasse da loja nova, sentia vontade de voltar a freqüentar a antiga e fazer daquilo novamente sua rotina de todos os sábados. As vezes ela se perguntava se talvez, naquele dia, tivesse ido até lá antes de almoçar, se talvez não tivesse pego a lojinha aberta e tudo seria diferente.
Mal sabia ela que o que aconteceu aquele senhor era mais triste do que ela queria imaginar, e realmente talvez tivesse sido evitado com a presença dela. Um acidente que muitos presenciaram, mas tão intimo e despercebido que ninguém parou por mais de um instante para saber o que aconteceu. Tudo muito rápido: o sinal, a batida, a ambulância… Afinal, ele não tinha família. Era solitário e sozinho. Ninguém o conhecia e nem sequer sabia nada a seu respeito. Quem poderia imaginar que ele tinhas as chaves de algo tão importante para uma garotinha, e que mesmo sem a menor idéia do que ocorrera, ela esperaria todo sábado, antes de mudar seu rumo. Mal sabia que a cinco anos, ele já havia dado alquile lugar para ela, e estava apenas esperando que ela perguntasse. Ele deixou as chaves dentro daquela caixinha misteriosa guardada a sete travas que ela adorou mas nunca mexeu, pois foi seu primeiro e mais precioso tesouro.